sexta-feira, 24 de outubro de 2008

COMPARTILHANDO LEITURAS...

"PAPOS"
Luís Fernando Veríssimo
- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto é "disseram-me". Não "me disseram".
- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é "digo-te"?
- O quê?
- Digo-te que você...
- O "te" e o "você" não combinam.
- Lhe digo?
- Também não. O que você ia me dizer?
- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
- Partir-te a cara.
- Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
- É para o seu bem.
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender.Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
- Eu só estava querendo...
- Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
- Se você prefere falar errado...
- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?
- No caso... não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
- Esquece.
- Não. Como "esquece"? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou"esqueça"? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.
- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
- Por quê?
- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.

sábado, 18 de outubro de 2008

LEITURAS DE MIM (parte II)

Talvez pela urgência de ser, comigo tudo aconteceu muito cedo. Assim foi com o meu 1º emprego (estágio aos 14 anos e efetivação no funcionalismo público aos 16) e assim foi com a Graduação.Esta me apresentou um universo literário novo,percebi que tudo que havia lido até então era pouco e pequeno diante dele.Comecei a ler desesperadamente,mas,como trabalhava e estudava,minhas leituras se restringiam as exigências do curso.Infelizmente, tinha pouquíssimo ou nenhum tempo para leituras por fruição.E foi num desses encontros e desencontros que conheci Clarice Lispector.A disciplina era Teoria Literária e, o texto, “O Búfalo”. Seria hipócrita se falasse de encantamento à primeira vista, nesse caso,à primeira leitura, entre mim e a escritora, pois nos estranhamos “feio” e isso culminou na menção mais baixa em meu histórico. Algum tempo depois,ainda no Curso de Letras,li “A Hora da Estrela” e isso foi relevante porque pude apreciar e ver Clarice com outros “olhos”.
Minha prática docente também foi determinante na constituição da leitora que sou, pois tive o privilégio de conviver, por inesquecíveis quatro anos, com a escritora Ana Gizélia Vieira. Juntas desenvolvemos,na escola em que trabalhávamos, muitos projetos literários que oportunizaram várias (re) leituras de obras e autores da Literatura Brasileira. Também mantínhamos contactos,ou melhor,parcerias com vários escritores da região; dentre eles, destaco a querida Stella Maris Rezende e sua faceira mineirice traduzida em linguagem. Meu interesse por textos que abordam histórias africanas surgiu com a leitura do livro Lendas Negras e o projeto literário e social desenvolvido a partir dele nessa comunidade.Foram,realmente,anos ditosos...
Mas, como nem tudo são flores, a docência também foi responsável por anos turbulentos de minha leitura. Não me pergunte quando,como ou por que,mas, numa fase bem down de minha carreira,decidi abandonar a Educação e enveredar por outros caminhos.Constituição,códigos,regimentos,leis,artigos,parágrafos,incisos...foram,por muito tempo,os únicos textos os quais me permitia ler.Não devia e nem podia “perder tempo” com outras leituras.
Hoje, na formação continuada, percebo que as leituras que fiz são importantes, mas as que não fiz são essenciais...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

DESBRAVANDO O DESMUNDO


CONTEXTO:

Brasil de 1570.A Coroa Portuguesa,sob ameaça de invasão de franceses,ingleses e holandeses,decide iniciar o processo de colonização do Brasil.Dessa forma,envia portugueses para se fixarem e explorarem a Terra Brasilis.
Na colônia,os homens portugueses entram em contacto com o elemento índio: cerca de três a cinco milhões de pessoas que pertenciam a grupos distintos em línguas,costumes,tradições e crenças.


TEXTO:
Desmundo,de Alain Fresnot,obra homônima e adaptada do livro de Ana Miranda,nos mostra a chegada de jovens orfãs,enviadas por Portugal ao Brasil, para desposarem os colonizadores portugueses.Dentre as jovens está Oribela, cujo destino é casar-se com o rude Francisco de Albuquerque.
Levada para o engenho onde mora o esposo em companhia da mãe e da irmã,Oribela não se resigna à sua nova condição e,com o propósito de retornar à terra natal,foge,mas logo é recapturada.
Numa dessas tentativas de libertação,a jovem segue para a vila e,com a ajuda do comerciante Ximeno Dias,cristão novo,traça um plano de fuga que culmina com a morte do espanhol.
COMO O FILME FOI ABORDADO:

1º Momento "Olhar do Pesquisador"
Antes de iniciar a sessão,contextualizamos a obra ao período histórico que seria retratado.Também conscientizei os professores da relevância de assistirem ao filme com olhar crítico e não como meros expectadores que ao final da película diriam não terem se agradado da história porque não houve o "...e viveram felizes para sempre".Orientei para que fizessem anotações sobre enredo,fatos históricos,formas linguísticas e outros aspectos interessantes.
2º Momento "Ampliando o Olhar"
Nesta etapa,os professores se reuniram em pequenos grupos para discutirem sobre impressões ,anotações e responderem as seguintes questões propostas:
1) De que trata o filme?
2) Quais as informações sobre a história do Brasil presentes no texto?
3) Que formas linguísticas foram utilizadas pelos personagens?
4) Qual a relação existente entre essas formas e o Português Brasileiro atual?
3º Momento "Socializando os Olhares"
Os grupos,nesta etapa final,socializaram suas respostas,proporcionando discussões,debates e reflexões que abordaram todas as dimensões textuais.


NOSSAS CONTRIBUIÇÕES:
  • Após assistir ao filme Desmundo,evidenciamos a raiz de tanta diversidade brasileira,sobretudo a linguística.É impossível imaginarmos um país monolíngue,apesar das diversas tentativas empreendidas nesse sentido pelo colonizador ao longo da história ,pois o povo brasileiro se compôs da mistura de cores,raças,crenças,valores e línguas.
  • É importante ressaltar que a língua trazida,inicialmente, para a colônia não era a da nobreza,mas a de falantes estigmatizados socialmente.Talvez por isso,notamos que as formas linguísticas utilizadas pelos personagens se aproximam muito de variedades do PNP.
  • Observamos que a personagem D.Brites,interpretada pela atriz Beatriz Segall,de fato existiu na história do Brasil Colonial.Ficamos curiosos em saber se isso acontecia com outros personagens.
  • As cenas de maus-tratos à mulher foram eleitas as mais chocantes.Fizemos um paralelo entre as condições femininas do passado e da atualidade e,com isso,evidenciamos que a mulher ainda é vítima de violência doméstica.O diferencial é que hoje temos muito mais Oribelas em codinomes de Marias...Maria da Penha.


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

LEITURAS DE MIM

Foi difícil iniciar meu memorial de leituras, por vezes pensei ser um "sem-memória". Qual foi a minha primeira experiência “no mundo das letrinhas”? Penso ter sido alguma cartilha que continha, segundo Veríssimo, enigmas primordiais do tipo Ivo viu a uva. Sendo assim,foi bom tê-la esquecido.
Sem-memória.Sem,nada,ausência...solidão.Já estava me incomodando com essa situação,quando decidi ler os memoriais postados nos blogs de alguns colegas na tentativa de encontrar histórias de leituras que pudessem,pela semelhança ou não,me remeterem às minhas.Os memoriais me oportunizaram uma descoberta valiosa: devia procurar as leituras dentro de mim.


Na infância,me aborrecia o fato de ser a filha do meio.Não tinha o todo conferido pelo status de primogênito,não tinha o todo conferido pelo privilégio de ser caçula. Eu era o meio. Então encontrei na escola e nas leituras uma forma de minimizar meu “complexo de metade”.Participava de um grupinho de teatro e isso me oportunizou o contato com vários textos infantis,em especial os Contos de Fadas.Quanto mais lia,mais freqüentava a biblioteca escolar,mais participava de concursos de redação,mais me destacava ...mais era notada.Também naquela época,foi fundamental a presença da inesquecível Professora Carminha em minhas leituras,pois,sempre em datas festivas,me presenteava com livros.
Por volta dos 11 ou 12 anos,li Senhora e Iracema,de José de Alencar.Esses livros ocupavam lugar de destaque na estante da sala de visitas em minha casa.Eram grossos,encadernação de luxo na cor verde,letras douradas.Foi um grande desafio lê-los,mas, fazendo uma releitura do passado,percebo que, antes de um desafio,era mais uma forma de “chamar a atenção”.Eu li os livros que,para meus familiares,eram meros bibelôs na estante.Outro fato interessante dessa fase era que a primogênita,um ano mais velha,tinha aversão à leitura,então eu era encarregada de ler e fazer um relato minucioso de todas as suas leituras obrigatórias.Era uma espécie de pacto que mantínhamos.Como lia por duas,meu ritmo de leitura na pré-adolescência era intenso.A Ilha Perdida, O Caso da Borboleta Atíria, O Cadáver ouve rádio e tantos outros da Série Vaga-lume,isso sem falar em clássicos da Literatura Universal como O Pequeno Príncipe, Pollyanna (menina e moça) e O menino do dedo verde.
Na adolescência, decidi ler livros que eu julgava serem de “mulher”,não me motivavam mais histórias de meninos perdidos em ilhas,queria leituras que tratassem de beijo,sexo,amor e traição.Sabe onde minhas leituras foram parar? Em bancas de revistas,em páginas de Júlias e Sabrinas da vida. Ah!Esse tipo de leitura era proibido em minha casa,mas,para burlar a vigilância atenta de minha mãe,lia,lia não,devorava páginas e mais páginas dessa leitura madrugadas adentro.
No Ensino Médio,antigo 2º Grau,tive a oportunidade de realizar uma leitura mais amadurecida de José de Alencar e de me apaixonar por obras machadianas.Antologia Poética de Vinícius de Moraes,especialmente os sonetos,eram meus favoritos.Dessa época,veio a minha paixão pela música popular brasileira e a oportunidade de realizar outras leituras em notas musicais.
Continua...

domingo, 12 de outubro de 2008

VOCÊ É UM PROFESSOR DIGIT@L?



Um professor digital é aquele que possui habilidades para fazer um bom uso do computador para si mesmo e, por extensão, é capaz de usá-lo de forma produtiva para o enriquecimento de sua prática docente.


A seguir, foram listadas algumas habilidades básicas necessárias ao professor digital. Quanto mais forem as habilidades possuídas, mais perto se chegará desse perfil.Vamos ao teste?




1. Possuo um endereço de e-mail e o utilizo,pelo menos, duas vezes por semana.


2. Possuo um blog, um site ou uma página atualizável na internet, onde regularmente produzo, socializo e confronto meus conhecimentos com outras pessoas.


3. Participo ativamente de um ou mais "grupos de discussão", fórum ou comunidade virtual ligada a minha atividade profissional.


4. Possuo algum programa de trocas de mensagens on-line, como o MSN, e o utilizo para fins profissionais pelo menos uma vez por semana.


5. Leio regularmente algum periódico on-line (mesmo que gratuito) sobre notícias e novidades relacionadas à Educação ou à minha disciplina específica.


6. Preparo materiais didáticos diversos usando um processador de texto, uma planilha eletrônica ou um programa de apresentações multimídias.


7. Faço pesquisas na Internet regularmente com vistas à preparação de minhas aulas e,preferencialmente, mantenho um banco de dados com sites úteis para a minha disciplina e a Educação em geral.


8. Preparo pelo menos uma aula por bimestre, de minha disciplina, onde os alunos usarão computadores e a sala de informática de forma produtiva e não apenas para "matar o tempo".


9. Mantenho contacto com o computador por, pelo menos, uma hora diária, em média.


10. Mantenho-me atento às possibilidades de uso pedagógico das novas tecnologias que surgem continuamente e tento implementar novas metodologias em minhas aulas.


E aí? Você se enquadrou em, pelo menos, três das habilidades listadas? Note que, em nenhum item da listagem foi colocada a necessidade de se possuir um computador, porque, de fato, isso não é,essencialmente, necessário para ser um professor digital.

(Adaptação de artigo de José Carlos Antonio.Formado em Física, professor atuante nas redes pública e particular de ensino há 25 anos, autor de material didático, editor de Ciências e Informática Educacional do jornal eletrônico ZOOM e colaborador do EducaRede desde 2003).

sábado, 11 de outubro de 2008

ANALFABETISMO FUNCIONAL É O MAIOR OBSTÁCULO DA EDUCAÇÃO


Superar o analfabetismo funcional é o grande desafio da educação no Brasil – um problema que tem solução simples, como mostra a reportagem da série "Era uma Vez".
Era uma vez um menino que queria muito aprender a ler. Ele mesmo se apresenta: "Meu nome é Ewerton, tenho 10 anos. Eu gosto de estudar, mas estou aprendendo a ler devagarzinho". Ainda vai levar alguns meses e muitas aulas de reforço para Ewerton conseguir ler direito. Ele está na quarta série do Ensino Fundamental, mas ainda não consegue identificar todas as letras. "Eu fico lá e tento ler, mas não consigo. Ainda não conheço as letras todinhas", explica o garoto. Ewerton não é exceção. O maior desafio da educação hoje não é manter a criança na sala de aula, e sim combater o que os estudiosos chamam de analfabetismo funcional – quando alguém tem limitações de leitura e escrita, mesmo dentro da escola. No Brasil, dos 27 milhões de jovens que, como Ewerton, estão no Ensino Fundamental, 60% chegam ao fim da oitava série sem saber interpretar um texto ou efetuar operações matemáticas simples. O dado preocupa ainda mais quando se considera as crianças que estão na escola, mas simplesmente não sabem ler e escrever. Elas são cerca de 1,1 milhão no nosso país.
O nosso país hoje se orgulha de ter 97% dos jovens de 6 a 14 anos na escola. A taxa de analfabetismo caiu para 3% na faixa dos 10 a 14 anos. Mas, no Ensino Fundamental, 25,7% dos alunos estão atrasados, fora da série correspondente à sua idade. Essa situação preocupa os educadores. "Uma criança que chega à terceira ou quarta série sem saber ler e escrever é uma criança que vai desistir da escola. Se ele sente que está numa condição inferior à dos colegas, que conseguiram ele sai", afirma a pedagoga Perina de Fátima Costa. "Para superar isso, a família é fundamental. A mãe de Ewerton, por exemplo, está pensando em aulas de reforço exclusivamente para a leitura. Afinal, o menino está determinado: "Quero passar e quero me formar", conta. "Estou me esforçando para ler, eu acho que vou ficar feliz quando conseguir". Sabrina, de 12 anos, já sabe como é essa felicidade. "Agora eu sei ler. Quando aprendi, a professora disse que eu estava de parabéns", lembra. Ela passou pelas mesmas dificuldades de Ewerton: com aprovação automática e sem a orientação do professor, carregou de série para série a culpa por não conseguir ler: "Eu até comecei a chorar porque todo mundo sabia ler lá na sala, e só eu que não". O fim da tristeza de Sabrina e de milhares de meninos e meninas chegou com as aulas de reforço. "Aprendi a ler no reforço. A professora mandou eu soletrar as palavras, e aí eu aprendi rapidinho", conta. Hoje existem milhares de classes de complementação escolar no nosso país, geralmente oferecidas por instituições beneficentes ou organizações não-governamentais – lugares que são a prova de que, muitas vezes. o que falta é uma chance.
Aline encontrou uma chance e, aos 9 anos, já é poeta. Ela mesma recita os versos que fez:
Tá na hora de parar,
ter consciência com tudo.
Deixar que o verde da vida
faça parte desse mundo.

domingo, 5 de outubro de 2008

REFLEXÃO


" DEVEMOS SER A MUDANÇA
QUE QUEREMOS VER NO MUNDO."
Mahatma Gandhi


Uma homenagem a todos os professores e, em especial,aos formadores, coordenadores, tutores e cursistas do "Alfabetização e Linguagem" , Módulo II.