terça-feira, 30 de setembro de 2008

REFORMA NA LÍNGUA PORTUGUESA É APROVADA

O presidente Lula assinou o decreto que modificará a maneira de escrever o português a partir do ano que vem. O trema vai acabar em algumas palavras e o hífen vai sumir em outros casos.


O presidente Lula assinou o decreto que modificará a maneira de escrever o português a partir do ano que vem no Brasil, em Portugal, em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe. A cerimônia de assinatura do decreto foi na Academia Brasileira de Letras (ABL). Nas salas de aula, os estudantes ainda estão aprendendo o bê-a-bá das mudanças. "A gente já está acostumada a escrever com trema, com acento nos lugares certos. Aí, você vai ficar confusa: isso mudou, isso não mudou?", questiona uma aluna. O trema vai acabar em palavras como 'tranqüilo' ou 'freqüência'. Será usado apenas em sobrenomes estrangeiros. Algumas palavras vão perder o acento, como 'idéia' e 'jibóia'. E ainda: 'vôo' e 'enjôo'. Já o hífen, o tracinho que separa palavras compostas, vai sumir em alguns casos, como por exemplo: 'auto-estrada' e 'contra-indicação'. O alfabeto vai incorporar três novas letras: 'k', 'w' e 'y', que eram consideradas estrangeiras antes. As editoras querem evitar que as revisões aumentem o preço dos livros e estão investindo em treinamento para se adaptar ao acordo. "Treinar não só nossa equipe interna, como os nossos tradutores, revisores, todo mundo tem que reaprender", afirmou Sônia Machado Jardim, do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. A reforma é pequena, atinge apenas 0,5% das palavras no Brasil e 1,5% em Portugal. Só há mudanças na língua escrita, porque do outro lado do Atlântico eles vão continuar falando o português de Portugal e nós ficaremos com o que o mundo já conhece como o português brasileiro.

"Não se enriquece uma língua por iniciativa de governo, por decisão administrativa qualquer. O que faz que a língua se enriqueça, se modifique, cresça, enfim, é o uso que se faz delas", concluiu o professor de Língua Portuguesa José Carlos de Azeredo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).


LINK DA MATÉRIAhttp://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL778574-10406,00.html

sábado, 27 de setembro de 2008

MANEJO DA PALAVRA

A escrita molhada no papel
Restos de borracha esparramados pelo chão
Brincadeira de ler e reler o texto
A leitura que se ergue dentro de nós
A escrita que acanhada não se mostra no papel.
Dura labuta essa de colher palavras e antecipar leituras
Reconhecer-me como escritora e leitora de mim mesma.
Tarefa feita e construída sob becos,desertos
e jardins por onde andei,
perambulei,caminhei,retornei e me defrontei ...
A esse encontro entre as " Margaridas e Lucílias "
Que existem em cada um de nós,Professores:
Muito prazer!
Bem-vindas sejam as palavras desse nosso texto,
feito e refeito nos encontros e desencontros de nosso ser.
Eliana Sarreta

terça-feira, 23 de setembro de 2008

COISA DE CRIANÇA! SERÁ????

Olha que bonitinho! Acabo de ler num post do blog de uma professora-cursista!

"... no outro dia com meus alunos,citei a história da FRUITA e eles disseram que daqui a algum tempo a palavra FRUTA será apenas FUTA.Porque sem o R fica mais fácil de falar."

( Alunos da Profª Viviane / Caic Albert Sabin/DRE Santa Maria )


Dioney deixou um novo comentário sobre a sua postagem "COISA DE CRIANÇA! SERÁ????":

Crianças são lingüistas!!!O comentário das crianças mostra sua sensibilidade lingüística, mesmo que ela seja inconsciente. Com certeza, se "fruta" tornar-se "futa" ficará bem mais fácil, se pensarmos no padrão silábico do português: Consoante-Vogal (CV). É, sem dúvida, mais fácil produzir palavras com sílaba CV. Êta lingüistas bons, ops, crianças maravilhosas!!!

Postado por Dioney no blog EXPRESSÃO em 27 de Setembro de 2008 11:32.





"Nada do que foi será

De novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa

Tudo sempre passará

....

Como uma onda no mar"

Como uma onda no mar, música de Lulu Santos e Nélson Motta, retrata, numa linguagem poética, o movimento da vida “Tudo o que se vê não é/ Igual ao que a gente viu a um segundo” e a passagem, inevitável, do tempo “Não adianta fugir/Nem mentir pra si mesmo agora”. E foi no “ir e vir” de notas musicais que iniciamos o encontro do dia 18/9 cujo tema era a Mudança Lingüística.
“Como você vê a língua?” Como um museu que guarda um tesouro que precisa ser preservado, pois está sob ameaça de extinção devido à ação de falantes “incultos”? Ou como uma máquina do tempo viva e dinâmica?Impulsionados por essas questões, introduzimos o estudo do conteúdo no fascículo.
Evidenciamos que a palavra fruita, utilizada pela menina Francisca (texto, p.8) e por muitos falantes de variedades do Português não-padrão, também foi registrada no Tratado da Terra do Brasil, texto de autoria de Pero de Magalhães de Gândavo, no qual descreve ao Reino sua visita à, então denominada, Terra de Santa Cruz, por volta de 1572.Na descrição,o visitante português menciona a existência duma “fruita mui saibrosa” que se dá na nova terra. Os professores cursistas se surpreenderam ao constatar que a forma lingüística que hoje caracterizamos como “erro” foi “acerto” em algum tempo passado da história da língua e que formas inovadoras como fruta e conservadoras como fruita,convivem,atualmente,lado a lado.
Quando se trata do fenômeno mudança lingüística, visualizar o movimento da língua, do passado ao presente é fácil, pois existem registros concretos, como, por exemplo, outro texto lido nesse encontro: Livro de Cozinha da infanta D. Maria de Portugal, século XII. Mas, não tão fácil é entender que o movimento é contínuo e que a língua, como a falamos e escrevemos neste exato momento, não está pronta e acabada. Não tão fácil é entender,por exemplo, que a forma lingüística inovadora “véi” e tantas outras, utilizadas por falantes jovens e combatidas com veemência por nós,pais e professores, podem sinalizar o futuro desta maravilhosa máquina do tempo que é a língua.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

LINHA DO TEMPO


HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL

1500
Os cerca de 5 milhões de indígenas (estimativa),que habitam as terras ocidentais da América do Sul na época da chegada dos portugueses, falam mais de mil línguas, com dois grandes grupos principais: (no Brasil Central) e tupi-guarani (no litoral).

1530
Com a criação das vilas de São Vicente (1532) e Salvador (1549), se dá a entrada oficial do Português no território. Os colonizadores adotam os idiomas indígenas. Mas depois surgem as línguas gerais – próximas às dos índios –, faladas pelos filhos de portugueses e nativas.

1538
Os africanos escravizados trazem sua cultura (a banto e a sudanesa são as principais), também influenciando o Português. Do banto vêm línguas como o quicongo e o quimbundo. Palavras como bagunça, moleque e caçula são desse grupo e que falamos até hoje.

1580
A língua geral paulista,de base tupi, é registrada por expedicionários. Os jesuítas e os bandeirantes são responsáveis por difundi-la.Para dizer gafanhotos verdes, fala-se tucuriurie, para esbofetear, eipumpa n sovâ. Ela desaparecerá no século 18.

1700
Surge a língua geral amazônica, ou nheengatu, de base tupinambá. Algumas palavras: tapioca,açaí, tipóia.Ela ainda é falada por 8 mil brasileiros.Nasce o dialeto de Minas,mistura do Português com a evé- fon,falada por negros originários da região da Costa da Mina, na África.


1759
Os jesuítas, que conheciam o tupi e ensinavam as línguas gerais aos índios,são expulsos. O Marquês de Pombal promulga uma lei para impor o uso do Português. No entanto,as três línguas (tupi, africanas e Português) coexistem por muito tempo no território.


1808
A chegada da família real portuguesa marca a difusão da língua, com a criação da Biblioteca Real e das escolas de Direito e Medicina. O fim da proibição da existência de gráficas possibilita o surgimento de jornais e revistas e a massificação de uma maneira de falar.


1850
Com a chegada de imigrantes e o início da urbanização, há a intensa assimilação do Português popular pelo culto e a incorporação de estrangeirismos.Em vez de "tu és",fala-se "você é" e "nós fizemos" divide espaço com "a gente fez".

1922
A Semana de Arte Moderna leva o Português informal para as artes. Ao mesmo tempo,os migrantes vão para a cidade e o rádio e as novidades urbanas chegam até o campo. Assim, as variedades lingüísticas passam a se influenciar mutuamente.


1950
Com o advento da TV, o americanismo chega ao Brasil e, com ele, novos termos. A criatividade na fala e nas manifestações artísticas movimentam o mundo das palavras. Expressões populares ganham a boca de todos, como "acabar em pizza" e"jogar a toalha".


1980
A Constituição de 1988 garante o direito de índios e negros residentes de antigos quilombos (local onde viviam escravos fugidos) preservarem seu idioma.Atualmente mais de 220 povos indígenas falam cerca de 180 línguas no território brasileiro.


1990
A entrada da TV em mais de 90% dos lares acaba com o isolamento lingüístico, mas as comunidade reagem às influências, absorvendo,adaptando ou rejeitando-as,mas sempre mantendo sua identidade. Surgem leis contra o analfabetismo.Nasce o internetês.
Fonte:Museu da Língua Portuguesa.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

ANO DAS LÍNGUAS

Ano das Línguas,título da mini-conferência realizada no Auditório Filhos da Floresta,em 04/9,na Feira do Livro.Confesso que assim que soube da ausência do escritor Marcos Bagno,anunciado pela programação do evento como um dos palestrantes,me desinteressei e saí do local.Mas,por circunstâncias que não cabem agora ser colocadas,retornei.
ADOREI!!!! Adorei a atividade conduzida pelo professor Gilvan Muller de Oliveira - linguista da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e pesquisador associado do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística- IPOL.
Plurilinguismo no Brasil foi o tema do trabalho apresentado à platéia,composta quase exclusivamente por professores.Cerca de 210 idiomas coexistem no Brasil - disse o conferencista - que acentuou as tentativas de políticas de governo para a construção de um país monolingue,resultando num processo histórico de glotocídio (assassinato de línguas). Outras questões pontuadas coincidiram com os estudos conduzidos pelo professor Dioney sobre Mudança Linguística lá no CFORM.
A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, oficializada pela Lei Federal nº 10.436/2002 como 1ª língua do brasileiro surdo, e a língua Urubu-Kaapór - outra língua de sinais - foram destacadas como estruturas linguísticas próprias,também sujeitas a fenômenos de variação e mudança.
No momento de interação com o público,o ilustre ausente,Marcos Bagno,foi lembrado,pois alguém questionara sobre Preconceito Linguístico.Gilvan aproveitou a oportunidade para diferenciar seu campo de pesquisa do de Bagno: este analisa as variedades da Língua,aquele,as outras línguas que coexistem com a Língua Portuguesa no nosso país.
"E como fica a Língua com a nova Reforma Ortográfica?" - outra voz,vinda da platéia, perguntou."Fica como sempre esteve,pois ortografia não é língua." Finaliza, destacando os aspectos positivos da unificação ortográfica para o Brasil e outros países falantes de Língua Portuguesa (Exceto Portugal,é claro!).
Conheça,na íntegra,o trabalho do pesquisador sobre o Plurilinguismo no Brasil na página da UNESCO: http://www.unesco.org.br/ .

PALAVRAS MUDAM O MUNDO


Em sua 27ª edição,a Feira do Livro de Brasília, que este ano homenageia o poeta amazonense Thiago de Mello pelo conjunto de sua obra_ seu poema Estatutos do Homem,produzido em épocas difíceis de perseguição pela Ditadura Militar,foi traduzido para mais de trinta idiomas_ foi o ponto de encontro do Curso Alfabetização e Linguagem/Módulo II.

Professores e tutores participaram de colóquios com escritores da Casa de Autores de Brasília,atividade promovida pela Distribuidora Arco-Íris em parceria com a EAPE.O grupo do matutino,composto por professores das Regionais Santa Maria e Gama,conheceu as trajetórias literárias dos escritores Wilson Pereira e João Bosco,respectivamente.No vespertino,foi a vez da escritora Lucília Garcez conversar com os professores sobre a importância da sala de aula como ambiente de leitura e do professor como sedutor nesse trabalho.

O encontro na feira oportunizou,ainda,outros momentos de descontração e lazer.


Confira aqui a programação da feira que termina neste fim de semana: http://www.feiradolivrodebrasilia.com.br/ .