quinta-feira, 21 de agosto de 2008

EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA


Emília no País da Gramática, de Monteiro Lobato, deveria constar na bibliografia recomendada a todo estudante e professor que se propusesse a estudar Português – Língua Materna – e seus reais fenômenos lingüísticos.
Lobato, através dos personagens do Sítio do Picapau Amarelo, dialoga com o leitor acerca da língua e seus fenômenos de variação e mudança, nesse texto publicado em 1934, quando ainda a Lingüística – ciência da Linguagem – não havia conquistado relevante lugar no mundo acadêmico e a Gramática Normativa imperava absoluta.
O escritor, na voz da mais irreverente de suas personagens, destaca o dinamismo da língua, com seus usos e desusos: “Pois o tal tu... O que deve fazer é ir arrumando a trouxa e pondo-se a fresco... Para nós o tu está velho e coroca.” E é assim que a boneca Emília decreta a aposentadoria do pronome TU, evidenciando, dessa forma, que a língua é o que são seus falantes. É nesse jogo de interação – língua e falante – que a Linguagem se manifesta, se concretiza.
Durante a visita ao País da Gramática, os moradores do sítio conhecem D. Etimologia, velha guardiã dos segredos que revelam a origem das palavras da Língua Portuguesa. “Tomemos a palavra latina speculumcontinuou a velha – essa palavra emigrou para Portugal... e foi sendo gradativamente errada até ficar com a forma que tem hoje – Espelho.” Nesse trecho, D. Etimologia é a metáfora do Preconceito Lingüístico, pois considera como erro o que, de fato, é um fenômeno de mudança lingüística – (speculum > espelho) não por comodismo dos falantes, como afirma a velha personagem em outro trecho do texto, mas pela função social da língua. “... as mudanças que ocorrem na língua são fruto de ação coletiva de seus falantes, uma ação impulsionada pelas necessidades qiue esses falantes sentem de se comunicar melhor, de dar mais precisão ou expressividade ao que querem dizer, de enriquecer as palavras já existentes com novos sentidos... de criar novas palavras...” (in.Bagno,Nada na língua é por acaso,p.168).
Em continuidade à conversa, D.Etimologia diz que as formas “erradas” das palavras passam a ser consideradas certas no momento em que os falantes cultos as aceitam como tal. Mas isso não ocorre de uma hora para outra,pois a mudança surge da concorrência entre as formas inovadora e conservadora das palavras.Na verdade,há uma espécie de competição onde as denominadas forças centrífugas,responsáveis pelo movimento da língua,concorrem com forças centrípetas que tentam refrear o movimento e preservar o mito do monolinguismo brasileiro.
“A língua é uma criação popular na qual ninguém manda. Quem a orienta é o Uso e só ele. (...) O uso aceita as reformas simplificadoras, mas repele as reformas complicadoras.” As forças centrípetas conseguem adiar, temporariamente, a mudança, mas, cedo ou tarde, rendem-se a ela, conforme destaca Lobato através dessa fala do personagem Quindim.

LETRAMENTO

O poema abaixo foi escrito por uma estudante norte-americana de origem asiática Kate M. Chong, traduzido e adaptado por Magda Soares (1998:41), que expressa, com sensibilidade, como o Letramento é um conceito muito mais amplo do que a alfabetização. Como diz um dos versos do poema, é “um mapa do coração do homem”.


O QUE É LETRAMENTO?

Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática.
Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
São notícias sobre o presidente,
o tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.
É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
de velhos amigos.
É viajar para países desconhecidos,
Sem deixar sua cama,
É rir e chorar
Com personagens, heróis e grandes amigos.
É um atlas do mundo,
Sinais de trânsito, caças ao tesouro,
Manuais, instruções, guias,
E orientações em bula de remédios,
Para que você não fique perdido.
Letramento é, sobretudo,
Um mapa do coração do homem,
Um mapa de quem você é,
E de tudo que você pode ser .

domingo, 3 de agosto de 2008

COMPARTILHANDO LEITURAS...

ERA DIGITAL
Por Napoleão Aquino

Como estamos na 'Era Digital', fez-se necessário rever os velhos ditados existentes e adaptá-los à nova realidade. Veja alguns :
1. A pressa é inimiga da conexão.
2. Amigos, amigos, senhas à parte.
3. Antes só, do que em chats aborrecidos.
4. A arquivo dado não se olha o formato.
5. Diga-me que chat freqüentas e te direi quem és.
6. Para bom provedor uma senha basta.
7. Não adianta chorar sobre arquivo deletado.
8. Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.
9. Em terra off-line, quem tem um 486 é rei.
10. Hacker que ladra, não morde.
11. Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.
12. Mouse sujo se limpa em casa.
13. Melhor prevenir do que formatar.
14. O barato sai caro. E lento.
15. Quando a esmola é demais, o santo desconfia que tem vírus anexado.
16. Quando um não quer, dois não teclam.
17. Quem ama um 486, Pentium 5 lhe parece.
18. Quem clica seus males multiplica.
19. Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.
20. Quem envia o que quer, recebe o que não quer.
21. Quem não tem banda larga, caça com modem.
22. Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla.
23. Quem semeia e-mails, colhe spams.
24. Quem tem dedo vai a Roma.com
25. Um é pouco, dois é bom, três é chat ou lista virtual.
26. Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.
27. Diga-me que computador tens e direi quem és.
28. Há dois tipos de pessoas na informática. Os que perderam o HD e os que ainda vão perder...
29. Uma impressora disse para outra: Essa folha é sua ou é impressão minha.
30. Aluno de informática não cola, faz backup.
31. O problema do computador é o USB (Usuário Super Burro).
32. Na informática nada se perde nada se cria. Tudo se copia... e depois se cola.
33. O Natal das pessoas viciadas em computador é diferente. No dia 25 de Dezembro, o Papai Noel desce pelo cabo de rede, sai pela porta serial e diz: “Feliz Natal, ROM, ROM, ROM!”

"HOJE É DIA DE ..." ENCONTRO


" Cada um lê com os olhos que tem
E interpreta a partir de onde os pés pisam."
Leonardo Boff



Dia 31/7.Primeiro encontro com os professores-cursistas de Santa Maria no 2º semestre.Senti a necessidade de recepcioná-los de forma especial,acolhedora.Para tanto,realizamos uma dinâmica denominada "Dinâmica do Presente".
Em seguida,com o objetivo de retomar o conteúdo pré-iniciado no semestre anterior,apresentei aos professores o material compilado pelas professoras Sônia Soares Reis e Shirley Bragança de Hoje é Dia de Maria, belíssima obra da teledramaturgia brasileira.Verdadeiro presente!!!
Encaminhei a análise da forma como nos foi apresentada na EAPE,com ênfase na intertextualidade e multiplicidade de gêneros que desfilam nesse riquíssimo cenário textual.Relembramos histórias,personagens,jogos e brincadeiras que povoaram nosso imaginário infantil.Cruzamos e entrecruzamos outras leituras com a obra.Foi bem interessante!
Hoje é Dia de Maria,em especial a 1ª Jornada,pessoalmente,é um dos melhores trabalhos produzidos e exibidos pela "aldeia plim-plim". Micro em tamanho,macro em cultura e encantamento!Contudo,não nos esqueçamos de que,Hoje é Dia de Maria,trata-se de um texto multimodal e,como tal,possibilita múltiplos olhares e leituras suscitados pela relação dialógica entre produtor e leitor,conhecimento de mundo e inferências que,dentre outros fatores,resultam da ideologia de cada um.E nisso se resume a riqueza da produção textual...